Pesquisando sobre o diretor Darren Aronosfky, descobri o também diretor Satoshi Kon, e a casa de animação Madhouse. O estúdio carrega no currículo a criação e produção de séries como Devil May Cry, Sakura Card Captor, Death Note e as versões nipônicas de Wolverine e Supernatural (no Brasil, Sobrenatural).
Os pontos negativos residem em algumas cenas que realmente só foram colocadas para fazer o filme parecer mais complexo do que é, dando um ar de arrogância à coisa.
Já Satoshi Kon (1963 - 2010) é influência assumida de diversos diretores americanos que hoje brilham no circuito, e tem como temática de seus filmes a confusão entre realidade e fantasia, abusando da psicologia para dar corpo à suas estórias.
Esse é o caso de Páprika (2006), uma ficção científica de primeiríssima, animada com tanta competência que bate de frente em qualidade com as obras do estúdio Ghibli. No filme, uma técnica revolucionária de psicoterapia é criada, chamada terapia do sonho. O tratamento consiste no uso de um aparelho, o DC Mini, capaz de permitir que sonhos sejam compartilhados, assistidos em monitores por outras pessoas, e também gravados.
Contudo o mundo dos sonhos se revela um lugar extremamente perigoso, à medida em que várias pessoas compartilham o mesmo sonho e interferem nele. A doutora Atsuko Chiba então cria um alterego com intenção de guiar os médicos, a garota Páprika.
O arco dramático da coisa é que ocorre o roubo de três aparelhos, e a partir daí vários médicos envolvidos no projeto tem seus sonhos invadidos, e são aprisionados dentro de um sonho que eles não controlam. Cabe à Atsuko Chiba, e Páprika descobrir quem está por trás do roubo e qual a intenção do ladrão com o sequestro nos sonhos.
A estória não só parece complexa, ela realmente é. Resumir foi uma tortura. Mas na tela funciona incrivelmente bem pois a animação fluida, as cenas assustadoras, e o roteiro consistente nos faz acreditar no que vemos, paradoxalmente nos fazendo sentir uma estranheza que incomoda e gruda nossos olhos na tela.
Os pontos negativos residem em algumas cenas que realmente só foram colocadas para fazer o filme parecer mais complexo do que é, dando um ar de arrogância à coisa.
Definitivamente não é para crianças, visto que temos uma cena de estupro, ainda que surreal e uma história difícil, mas que recompensa enormemente o espectador com uma salada de sensações boas e más.
Ótimo ( * * * *)
Curiosidades
Christopher Nolan (Batman - O Caveleiro das Trevas) disse publicamente que Páprika foi uma inspiração importante para sua ficção A Origem (Inception), indicada a vários Oscars, inclusive melhor roteiro original. Então toda a semelhança entre os filmes só revelam que o Nolan é admirador do diretor japonês.
Darren Aronosfky é fã confesso do Satoshi Kon, sendo que o nome Nina, a bailarina de Cisne Negro, é inspirada em Mima, uma personagem de Perfect Blue.
Os filmes que aparecem nos cartazes no cinema mostrado em Paprika são todos do mesmo diretor do anime. As obras são Tokyo Godfathers, Perfect Blue.