sexta-feira, 11 de março de 2011

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Páprika - Sua mente num Anime

Pesquisando sobre o diretor Darren Aronosfky, descobri o também diretor Satoshi Kon, e a casa de animação Madhouse. O estúdio carrega no currículo a criação e produção de séries como Devil May Cry, Sakura Card Captor, Death Note e as versões nipônicas de Wolverine e Supernatural (no Brasil, Sobrenatural).
Já Satoshi Kon (1963 - 2010) é influência assumida de diversos diretores americanos que hoje brilham no circuito, e tem como temática de seus filmes a confusão entre realidade e fantasia, abusando da psicologia para dar corpo à suas estórias.
Esse é o caso de Páprika (2006), uma ficção científica de primeiríssima, animada com tanta competência que bate de frente em qualidade com as obras do estúdio Ghibli. No filme, uma técnica revolucionária de psicoterapia é criada, chamada terapia do sonho. O tratamento consiste no uso de um aparelho, o DC Mini, capaz de permitir que sonhos sejam compartilhados, assistidos em monitores por outras pessoas, e também gravados.


Contudo o mundo dos sonhos se revela um lugar extremamente perigoso, à medida em que várias pessoas compartilham o mesmo sonho e interferem nele. A doutora Atsuko Chiba então cria um alterego com intenção de guiar os médicos, a garota Páprika.

O arco dramático da coisa é que ocorre o roubo de três aparelhos, e a partir daí vários médicos envolvidos no projeto tem seus sonhos invadidos, e são aprisionados dentro de um sonho que eles não controlam. Cabe à Atsuko Chiba, e Páprika descobrir quem está por trás do roubo e qual a intenção do ladrão com o sequestro nos sonhos.
A estória não só parece complexa, ela realmente é. Resumir foi uma tortura. Mas na tela funciona incrivelmente bem pois a animação fluida, as cenas assustadoras, e o roteiro consistente nos faz acreditar no que vemos, paradoxalmente nos fazendo sentir uma estranheza que incomoda e gruda nossos olhos na tela.


Os pontos negativos residem em algumas cenas que realmente só foram colocadas para fazer o filme parecer mais complexo do que é, dando um ar de arrogância à coisa.
Definitivamente não é para crianças, visto que temos uma cena de estupro, ainda que surreal e uma história difícil, mas que recompensa enormemente o espectador com uma salada de sensações boas e más.


Ótimo ( * * * *)
Curiosidades
Christopher Nolan (Batman - O Caveleiro das Trevas) disse publicamente que Páprika foi uma inspiração importante para sua ficção A Origem (Inception), indicada a vários Oscars, inclusive melhor roteiro original. Então toda a semelhança entre os filmes só revelam que o Nolan é admirador do diretor japonês.

Darren Aronosfky é fã confesso do Satoshi Kon, sendo que o nome Nina, a bailarina de Cisne Negro, é inspirada em Mima, uma personagem de Perfect Blue.

Os filmes que aparecem nos cartazes no cinema mostrado em Paprika são todos do mesmo diretor do anime. As obras são Tokyo Godfathers, Perfect Blue.

sábado, 5 de março de 2011

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O túmulo dos vagalumes



Até entendo as pessoas que dizem não ter afinidade com animações, talvez porque a maioria do que se vê tem estórias piegas, rasas como um píres, com bonequinhos ultra coloridos... Melhor parar por aqui. Se este é o seu caso, o filme "o túmulo dos vagalumes" (1988), tem grandes capacidades de quebrar essa péssima impressão. Oferecendo o que de melhor a animação pode oferecer, essa pérola do Estúdio japonês Ghibli, internacionalmente famoso pelo "A Viagem de Chiriro", é ainda um grande drama e uma interpretação metafórica sobre o próprio Japão em plena Segunda Guerra mundial.

Baseado no livro de Akiyuki Nosaka, o filme narra a trajetória do adolescente Seita e sua irmãzinha Satsuko, mostrando a transformação radical de suas vidas devido à chegada da guerra ao Japão. Quando pedaços de madeira em chamas caem do céu incendiando sua cidade natal, as duas personagens perdem a mãe para o fogo e passam a viver com a Tia num lugarejo em tensão constante causada pela expectativa de um ataque semelhante. Lá, convivendo com cobranças da Tia, a escassez de comida e a humilhação, os dois fogem e se abrigam numa pequena caverna, onde as carências materiais só são diminuídas pelo amor que nutrem um pelo outro.

O roteiro da obra é extremamente competente por fazer o espectador comprender a importância do orgulho, um valor muito caro aos ocidentais, tornando a necessidade da fuga um ato de coragem e libertação ao que poderia parecer a uma cabeça quadrada uma demonstração de estupidez. Mas essa é apenas uma façanha. Algumas cenas simples, mas poderosas, como a dos vagalumes, que dão título ao filme, entraram para a História do cinema por seu lirismo e, a condução de uma história cujo final trágico desde o começo já nos é apresentado nos faz assistir a cada cena ávidos por compreender o que ocorreu com os irmãos. O nível das animações é acima da média, ou seja, é um prazer ver o esmero para tornar a imagem fluida como num filme live action.


Para mim, o melhor fica mesmo por conta da analogia dos jovens com o Japão em guerra, percebendo em seu sofrimento e humilhação a imagem de um país que vê de um momento para o outro valores milenares reduzidos à nada. Cujo maior peso para continuar caminhando é carregar na mente a imagem dos corpos dos entes queridos, e repensa tudo isso enquanto, na modernidade, os descendentes dormem livres do trauma dessas experiências.


Excelente (* * * * *)

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